Zatti,
enfermeiro

 

Uma resposta caridosa para acompanhar quem sofre

 

 

 

 

Don Zatti, à direita, na sala de cirurgia com o Dr. Domingo Harostegui. 1936.

01.

Imigrado

02.

Crente

03.

Salesiano

04.

Enfermeiro

05.

Santo

O perfil profissional de Artêmides Zatti, que começou com uma promessa, foi enraizado na confiança na Providência e se desenvolveu com a cura de sua doença. A frase “Acreditei, Prometi, Sarei”, lema de sua canonização, mostra a total dedicação que Zatti tinha por seus irmãos doentes, mais pobres e necessitados.

Este compromisso o acompanhava diariamente até sua morte no hospital de San José, fundado pelos primeiros salesianos que chegaram à Patagônia, e o reafirmava em cada visita domiciliar, urgente ou não, que fazia aos doentes que dele necessitavam.

De bicicleta, na sala do administrador, na sala de cirurgia, no pátio durante o recreio com seus “parentes” pobres, ou nas enfermarias do hospital que visitava todos os dias, ele era sempre um enfermeiro; um santo enfermeiro dedicado à cura e ao alívio, levando sempre o melhor remédio: a presença alegre e otimista da empatia.

Uma pessoa e uma equipe que fazem o bem

Era a fé que impulsionava Artêmides Zatti a exercer uma atividade incansável, mas razoável. Sua consagração religiosa o introduziu direta e completamente no cuidado dos pobres, dos doentes e daqueles que precisam da saúde e da consolação misericordiosa de Deus.

O Sr. Zatti trabalhou no mundo da saúde ao lado de médicos, enfermeiros, profissionais de saúde, Filhas de Maria Auxiliadora e muitas pessoas que colaboraram com ele no apoio ao hospital San José, o primeiro da Patagônia Argentina, em Viedma, na primeira metade do século XX.

A tuberculose que contraíra aos vinte anos não representou um obstáculo para sua perseverança na escolha profissional. Ele encontrou na figura do salesiano coadjutor o estilo do compromisso de trabalhar diretamente com os pobres. Sua consagração religiosa, vivida na profissão de enfermeiro, foi a combinação da sua vida dedicada a Deus e aos irmãos.

Naturalmente isso se manifestou em uma personalidade peculiar, única e original. Artêmides Zatti era uma pessoa boa, que trabalhava diretamente com os pobres, fazendo o bem.

“Parente de todos os pobres”

O contato direto com os pobres tinha como objetivo a saúde, ou seja, aliviar a dor, ajudar a suportar o sofrimento, acompanhar os últimos momentos das vidas das pessoas, oferecer um sorriso diante do irreversível, segurar uma mão com esperança. Por isso, Zatti tornou-se uma “presença-medicina”: curava diretamente com sua presença agradável.

Seu principal biógrafo, o salesiano Raul Entraigas, fez uma descoberta original. Ele identificou, na frase de um aldeão, a síntese da vida de Artêmides Zatti: ele parece ser “parente de todos os pobres”. Zatti vê o próprio Jesus nos órfãos, nos doentes e nos indígenas. E ele os tratava com tanta proximidade, apreço e amor, que parecia que todos eram parentes.

De bicicleta, seu meio de transporte preferido para essas tarefas, ele costumava percorrer as ruas de Viedma. Uma bela resposta, encontrada em uma carta que escrevera à sua sobrinha, Maria Elisa Zatti, Filha de Maria Auxiliadora, dizia: “Graças a Deus estou bem de saúde e posso andar pela cidade levando seringas, termômetro, etc. Espero que você também esteja bem de saúde, mas não ande por aí como faz seu tio”.

Formar-se para ajudar

Ao constatar as necessidades da aldeia, Zatti aperfeiçoou sua profissão. Aos poucos se tornou responsável pelo hospital, estudou e convalidou oficialmente seus conhecimentos quando foi solicitado. Os médicos que trabalharam com Artêmides, assim como os doutores Molinari e Sussini, atestam que Zatti possuía muito conhecimento médico, fruto não apenas de sua experiência, mas também de seus estudos.

O P. De Roia acrescenta: “No que diz respeito à sua formação cultural e profissional, lembro-me de ter visto livros e publicações médicas. Uma vez perguntei-lhe quando os lia e ele respondeu que o fazia à noite ou durante o descanso dos doentes, na parte da tarde, ao concluir as tarefas no Hospital”.

A este respeito, há um documento, “Credenciais Profissionais”, emitido pela Secretaria de Saúde Pública da Nação Argentina com deu número de registro profissional de enfermeiro: 07253. Foram os estudos que ele realizou na Universidade Nacional de La Plata em 1948, aos 67 anos. A isto junta-se uma certificação anterior, de 1917, como “Idôneo” em Farmácia.

Seu estilo de vida o levou a um compromisso no qual atendia pessoalmente os pobres, os doentes, os mais necessitados. Nestes casos, a profissão de enfermagem ganhava um valor agregado: sua presença era um testemunho da bondade de Deus. Essa forma simples de olhar a realidade pode ajudar a compreender melhor a vida de Zatti, prestando especial atenção ao termo “pessoalmente”.

Nesta perspectiva encontramos o lado mais genuíno de Zatti, que revela aquilo que pode ser definido como “vida religiosa” ou “consagração”. É por isso que Artêmides é um santo salesiano. É um enfermeiro santo. Este é o legado que deixa para todos. E este é o desafio que lança a todos e convida a aceitar.

 

 

1908.

Com a saúde recuperada, Zatti ingressou na Congregação Salesiana como coadjutor. Começa a cuidar da farmácia do hospital San José, o único de Viedma.

1911.

Após a morte de Pe. Evasio Garrone, diretor do hospital, Zatti continua a cargo da farmácia e do hospital, o primeiro da Patagônia. Ele trabalhou lá por quarenta anos.

1917.

Obteve o título de “Adequado em Farmácia” na Universidade de La Plata.

1941.

O prédio do hospital é demolido. Pacientes e profissionais se mudam com Zatti para a escola agrícola “San Isidro”.

1948.

Zatti obtém o registro de Enfermagem na Universidade de La Plata.

 

Publicado originalmente no Boletim Salesiano da Argentina.

 

José Sobrero, sdb

Salesiano. Irmão . Argentino.

Secretário e encarregado do Arquivo Histórico da Província do Norte da Argentina. Missionário em Angola durante quinze anos. Membro da ACSSA-A.